Vila Operária tem a mesma idade de Maringá, a Vila Operária (Zona 03) inicialmente possuía um cunho mais popular. A priori, foi um espaço destinado para a edificação das casas dos operários, facilitando a locomoção até seus postos de trabalho.

Em 1994, a Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural ambicionava lançar um trabalho que tivesse grande ressonância tanto na opinião pública municipal quanto no processamento dos dados já existentes na Divisão, um projeto que pudesse divulgar de forma textual as informações armazenadas havia um bom tempo. A implementação do “PROJETO MEMÓRIA DOS BAIRROS” (elaborado desde 1992) parecia preencher as expectativas traçadas pela D.RH.C., e no mesmo ano colocou-se o empreendimento em execução. Optou-se pela Vila Operária por ela apresentar características inusitadas, tais como: região pioneira na colonização de Maringá, sede de instituições referenciais na história de uma sociedade (hospital, cinema, comércio, indústria etc.), presença significativa de moradores dos anos 1940, e, porfim, pela possibilidade de utilização do bairro como um tipo de laboratório, com o emprego de várias técnicas e modalidades de pesquisa (entrevistas, fichas, leitura de documentos e fotografias). Um cenário como o da Operária satisfazia plenamente às necessidades da equipe, e ademais pensava-se na seqüência do Projeto, estendendo-o aos outros bairros da cidade.

Conforme as investigações históricas se desenvolviam, uma montanha de nomes, datas e acontecimentos começava a vir à luz, cabendo aos pesquisadores interpretar essas revelações e dar-lhes uma articulação de forma a fazer sentido. O texto desta publicação é composto por dados pronunciados pelos mais diferentes documentos, como, por exemplo: jornais de Maringá, entrevistas orais, arquivos institucionais, fotografias, pesquisas socioeconômicas, entre outros.

Os objetivos predeterminados pela D.RH.C. eram, primeiro, formar uma espécie de banco de dados sobre a história da Operária; segundo, oferecer uma publicação contendo um texto histórico entremeado com fotos, versando sobre o bairro em seus mais diversos momentos. Ao redigir o trabalho, coligiram-se as informações primando pela clareza das idéias e, se às vezes dá-se a impressão de que o bairro tem vida própria, sem imbricação e conexão com a cidade, é porque a riqueza histórica do local é superlativa e parece auto-suficiente, o que não corresponde ao real. A Vila Operária é expressão de um plano de colonização mais amplo: o de ocupação e exploração de uma área denominada Maringá; portanto, o bairro é parte de um corpo citadino que articula suas peças e promove seu crescimento. O texto busca valorizar a participação humana no processo histórico, num enfoque antropológico que considera o homem como o ingrediente mais importante na construção de uma comunidade portadora de códigos de comportamento e costumes peculiares.

A Vila Operária encerra uma variedade gigantesca de aspectos a serem abordados, entre os quais tem destaque o que diz respeito às instituições exterminadas pelo implacável tempo, tais como: Esporte Clube Operário Colónia do Brega, Clínica de Repouso Santo Agostinho, Clube Paulistano, Hotel Bonanza, Guardo Urbana, Hotel São Jorge.

Esses são alguns dos institutos que não existem mais; entretanto, quando mencionados a algum morador de 30 anos ou mais de Operária, são imediatamente evocadas lembranças profundas de uma época diferente de agora, um tempo em que o bairro apresentava coesão maior entre seus habitantes, comportava o maior colégio eleitoral de Maringá (zona 66a) e decidia as eleições municipais. Por essa razão os comícios recordistas de público realizavam-se na Zona 03, uma espécie de olho do furacão do pleito. A história desse bairro tem demonstrado que Maringá se desenvolveu com extraordinária velocidade; ele é a manifestação mais pura, em tamanho reduzido, de uma celeridade que precisa necessariamente ser compreendida, sob pena de perdermos a noção evolutiva e conseqüentemente ficarmos à deriva histórica.

O bairro em foco mostrava seu lado ousado e de vanguarda quando, na década de 1950, a família Del Grossi produziu um filme cujas locações se realizaram na vila, mais precisamente onde hoje se situa a Avenida Monteiro Lobato. Era uma fita com duração de uma hora, o tema era uma aventura de Tarzã na selva, e a floresta da história era a da Operária, bem como todo o elenco, inclusive o homem- macaco. Esse é um episódio que faz parte do patrimônio memorialístico do bairro, um filme que mobilizou grande número de pessoas e que ainda é celebrado por aquela fração minoritária que se interessa pelo passado, entendendo passado como mecanismo de entendimento e transformação do presente e ainda mais do futuro. Não é preciso ficar no passado e glorificá-lo como se fosse a melhor fase da história de região, mas sim instrumentalizar suas ações, aprendendo-as e aplicando-as ao momento atual. A tradição é um bem dos mais preciosos, e, sendo usada com sabedoria, pode-se assegurar uma vida menos cheia de problemas. Por isso não se deve exortá-la como um ídolo de ouro, mas, sim, trazê-la aos dias de hoje com um olhar contemporâneo, afinado com a modernidade. A dobradinha tradição/ modernidade pode-se revelar uma excelente parceria, frutificando projetos que coincidam com os interesses da comunidade.

Esta publicação vem, a nosso ver, ao encontro dos desejos dos pesquisadores e da população comum em saber mais da história de sua cidade, espaço adotado para sua residência e para criar as gerações vindouras. O potencial de interpretação que este material pode vir a suscitar nos seus leitores é mais um escopo da Divisão, provocando na sociedade o debate sobre seu bairro, sobre os problemas que o assolam, e permitindo propor soluções com base em informações seguras e balizadas.

No final, acompanha um apêndice que servirá como guia para quem se interessar pelas instituições de referência do bairro. As fotos e o texto ajudarão o entendimento da inserção desses elementos no corpo da edição.

Para mais acesse: http://www.vilaoperaria.com